quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Somos Deuses?

Por Wilkson Rodrigues.

A estratégia de Satanás desde do princípio continua a mesma, tentar convencer o homem que ele não é uma mera criatura, mas que está, ou pode estar, em pé de igualdade para com seu Criador. Em Gn 3, a serpente diz ao homem: “Sereis como Deus”. Isso vem se reverberando através dos séculos frequentemente. Grupos como a Nova Era, iogues, assassinos e feiticeiros não nos surpreendem ao fazerem essas declarações. Entretanto, o mais preocupante é saber que essa reverberação está sendo feita por líderes evangélicos. Homens como K. Hagin: “Fomos criados em temos de igualdade com Deus... sem inferioridade.” Morris Cerullo chega a afirmar que: “O propósito de Deus era reproduzir-se, por isso criou o homem”. Os termos “duplicata” e “duplicação” aparecem constantemente nos discursos destes. 

Definir o termo

É importante ressaltar que o termo “pequenos deuses”, embora não soe bem, mas não é herética, desde que não seja usada no sentido de igualdade ou parte de Deus. A igreja oriental ortodoxa usa essa expressão, mas no sentido que fomos adotados por Deus. Eles não ensinam que homens falíveis sejam duplicações ou duplicatas exatas de Deus.

Uma nova distorção bíblica

Tornou-se comum para os adeptos usarem base bíblica, fora do contexto, para confundir a cabeça dos incautos e se passar como doutrina bíblica. A passagem de João 10.31-39 é usada para legitimar a deificação humana. Nessa passagem, Jesus encontra-se perto pra ser apedrejado por afirmar ser Deus: “não está escrito na vossa lei: Eu disse: sois deuses?”. Jesus está fazendo referência ao Salmo 82. 
Os adeptos desse pensamento construíram toda a base de uma doutrina sem fazer a exegese do texto primário. Eles não se preocupam quando uma passagem contradiz a outra. Visto que, ao reproduzir esse ensino de Jesus dessa forma, eles estariam invalidando a passagem de Mc 12.29 e Dt 6.4, onde está explícito que só existe um Deus.

Exame mais acurado do salmo 82

No salmo 82, trata-se de um tribunal que está sentenciando os juízes que agem com imparcialidade, em favor dos ímpios. Em outras palavras, os juízes que pensavam que eram deuses, estão sendo ridicularizados. Por isso, não podemos fazer uma interpretação literal da passagem “sois deuses”, porque o contexto não dá suporte pra isso. Quando é pronunciada essas palavras, no Salmo, é pra deixar claro que esses mortais um dia iriam perecer, sofrer fraqueza, debilidade como qualquer outro. Na passagem, que Jesus se referiu, existe a expressão “filho do altíssimo”. Os adeptos usam um argumento fajuto para explicar que Jesus usou a passagem no literal. De acordo com esses adeptos, a prole toma a mesma natureza de seu pai. Um exemplo, seria que os cães têm cachorro, os gatos têm gatinhos, os peixes tem peixinhos; assim, Deus tem pequenos deuses. Os filhos de Deus são deuses. Satanás também é referido como um “deus”, em 2 Coríntios 4.4, mas por certo, ninguém supõe que isso significa, ser Satanás, uma exata duplicata de Deus. O livro de Jó deixa bem claro o quanto estamos longe de ser igual o nosso Criador.

No texto de Is 43.10-14 diz:
“Vocês são minhas testemunhas, declara o Senhor, e meu servo, a quem escolhi, para que vocês saibam e creiam em mim e entendam que eu sou Deus. Antes de mim nenhum deus se formou, nem haverá algum depois de mim. Eu, eu mesmo, sou o Senhor, e além de mim não há salvador algum. Eu revelei, salvei e anunciei; eu, e não sou um deus estrangeiro entre vocês. Vocês são testemunhas de que eu sou Deus, declara o Senhor. Desde os dias mais antigos eu o sou. Não há quem possa livrar alguém de minha mão. Agindo eu, quem pode desfazer?" Esse texto, mostra a grandeza de Deus e o quanto somos pequenos.

Outra coisa que os adeptos não se deram conta, é o fato de que somos filhos de Deus, não por natureza, mas por adoção. Eles poderiam levar no sentido literal também, quando Jesus chama os fariseus de serpente.  Gn1.26,27, também é usado de maneira distorcida para legitimar as aberrações que esses adeptos da fé propagam, dizendo que somos a imagem e a semelhança de Deus. Entretanto, o teólogo Millard Erickson sumarizou muito bem quando disse que “a imagem de Deus, na humanidade, evolve aquelas qualidades de Deus que, refletidas no homem, possibilitam a adoração, a interação pessoal e o trabalho conjunto”.  Longe de ser uma reprodução de Deus, a espécie humana é mais, corretamente, retratada como um reflexo de Deus. O fato que fomos criados a imagem de Deus, reflete de maneira, finita e imperfeita, os atributos comunicáveis.  Jamais o livro de Genesis afirma que somos um SOBERANO AUTÓNOMO. Pelo o contrario, somos mordomos encarregados de cuidar da criação de Deus. Um lugar onde podemos submeter a teste essa hipótese é o livro de Jó. Deus procede um discurso comparativo, dele com a humanidade. Passando quatro capítulos demostrando a Jó, com detalhes espantosos, a vasta diferença entre fracos homens e seu admirável criador.  O fato é que a Bíblia, em parte alguma, não ensina ou confirma a doutrina dos pequenos deuses. Deus é, infinita e eternamente, exaltado acima da humanidade. É o cúmulo da arrogância pensar que os seres humanos podem, ao menos, se equipar a Deus, em sua espantosa santidade e majestade. Não obstante, é isso que os proponentes estão ansiosos por fazer.

Fonte: Hank Hanegraaff, livro "O Cristianismo em Crise" CPAD, 1993.

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